Grace Emily relata na primeira pessoa a sua experiência na atividade "Astronauta por um dia"
No final de setembro, eu e a professora Patrícia Jesus tivemos a oportunidade excecional de participar no projeto da Agência Espacial Portuguesa denominada “Astronauta por um dia”.
Depois de todo a antecipação que seguiu o longo processo de seleção dos finalistas, o dia em que nós, alunos, nos encontrámos pela primeira vez em Beja pareceu surreal.
Nos dias que precederam o voo parabólico, participamos em várias atividades dinâmicas de team-building de modo a conhecermo-nos melhor uns aos outros, e outras atividades como visitar uma esquadra da força aérea; ver procedimentos dos bombeiros da FAP; explorar a torre de radar de base; observar as estrelas e alguns planetas à noite com poluição luminosa muito reduzida e um telescópio avançando, que nos deixava ver imagens encantadoras; assistir a palestras interessantes com um comunicador de ciência, Fábio Silva, e até com o ex-astronauta Jean-François Clervoy, entre muitas outras aventuras. De facto, todos nós “astronautas” concordámos que já valia a pena ter ido só por estas atividades, mas não sabíamos o quão memorável a experiência que nos faltava viria a ser.
No dia antes do voo, tivemos a oportunidade de ver o avião da Novespace a chegar à base aérea, depois recebemos os fatos e as instruções de segurança, antes de podermos entrar no avião e perceber como é que o voo ia funcionar no dia seguinte.
Finalmente, chegou o momento que todos esperávamos - o voo parabólico.
Quando já estávamos prontos para embarcar no avião, tinham chegado as nossas famílias, que puderam assistir à descolagem. Se entre eles, em terra, estava um ambiente animado, o clima dentro do avião era ainda mais, sendo que há meses ansiávamos flutuar, e tinha chegado o momento.
A primeira parábola que o avião descreveu, permitiu simular a gravidade em Marte, que é aproximadamente 1 terço da gravidade em Terra. Neste primeiro momento, ouviam-se os gritos por todo o avião, enquanto muitos faziam flexões com apenas uma mão, ou até com outros astronautas em cima.
A segunda e terceira parábola já permitiram sentir a gravidade lunar, uma sensação espetacular. Andavam todos aos saltos e a replicar o moonwalk do Apollo 11.
A terceira parábola já foi uma de gravidade 0, este foi o primeiro momento em que realmente flutuámos. Estávamos todos a experienciar uma sensação que não se assemelha a nada que possamos descrever - e tentámos procurar as palavras que bastassem para tal, mas a única conclusão a que conseguimos chegar é que foi uma experiência mágica e mesmo fora deste mundo.
Ao longo do voo realizaram-se 15 destas parábolas, cada uma conferindo um momento de microgravidade de cerca de 22 segundos. Mas não foi só 0G que sentimos - também passámos por intervalos de hipergravidade, quando sentíamos quase o dobro de nosso peso (1.8G). Estes momentos também nos eram desconhecidos, visto que até levantar a mão custava muito mais que o normal.
Durante um dos instantes de 0G, vimos água a “flutuar” e noutro experimentamos movimentos específicos, como sentar de cabeça para baixo no teto. Também, nestes instantes, percebeu-se que não se controla para onde se vai, sem ter contacto com alguma superfície, ou seja, nadar era impossível, apesar das numerosas tentativas.
Ao longo dos dias passados na base aérea, conheci pessoas incríveis, até criando laços duradores, aprendi imenso, conheci-me melhor a mim mesma e aperfeiçoei a ideia de quem eu quero ser, mas sobretudo, o voo foi um momento de intriga e de novas descobertas que nunca esquecerei.
Toda esta experiência foi espetacular e sei que será marcante a vida.
Grace Emily
Esta atividade não é da responsabilidade do CCVnESLA. Apenas foi promovida pelo CCVnESLA junto dos alunos.