Maria Fael

 

Do seu ninho protegido em nuvens compactas, a Lua espreita-nos.
Intocável, envolve-se no manto branco que se esfuma na volta do dia.
Desaparece!
Lua, deusa da noite, musa do Olimpo cheia de raios,
de mantos sedosos de aconchego. Seduz!
Num abraço interminável, os corpos permanecem colados, suados, também
a Lua se aquece no latíbulo de luz radiante. Brilha!
Quem me dera ser parte desse ninho, envolver-te nos meus braços, sentir
o teu brilho estonteante e cair desamparada no dia que há de vir. Sentir-te!
Quero tirar-te do teu refúgio, levar-te sem pudor para o meu ninho de amor.
Possuir-te!
Seremos um só, no teu ninho, Lua!

 

[Fotografia: Dolores Bernardo.]

 

Março de 2023.

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